NOTA 1 — A recusa de alinhamento partidário era comum nos programas de alguns jornais, já desde os finais da primeira metade do século XIX. Esta manifestação de independência em relação aos partidos era contrabalançada por outros casos, em que tal alinhamento se afirmava, logo nos primeiros números.
No primeiro caso — no qual encontramos semelhanças com o programa do jornal lousanense —, encontramos "O Azourrague", que iniciou a sua publicação em 1838. Na sua "Profissão de Fé", declara que "não tem cor política e não pertence a partidos, vibrando estocadas à direita e à esquerda apenas com o fito no bem do Povo".
Exemplo de alinhamento partidário logo à nascença, encontramo-lo em "O Republicano". No seu número 3, dizia:
"Proclamamos a liberdade, igualdade e fraternidade.
Queremos república, porque só ela nos pode salvar.
Queremos um governo de homens inteligentes e honrados.
Queremos recompensas para todos os que bem mereceram da pátria.
Queremos asilo para todos os pobres.
Queremos pão para todos os que têm fome.
Queremos dar instrução a todos os que a desejam.
Queremos que o trabalho seja recompensado.
Queremos, em suma, que não haja só uma classe que seja rica e feliz, enquanto todas as outras vivem na miséria".
José Tengarrinha nota aqui a tendência socializante que, como geralmente aconteceu, acompanhava o incipiente republicanismo na expressão das suas reivindicações sociais.
Mesmo sem nunca se ter declarado republicano, o tónus de grande parte dos artigos de cariz político insertos no "Commercio da Louzã" vão revelar esta tendência socializante, às vésperas da proclamação da República, tempo em que o ideal republicano já deveria estar, mas não estava, claramente definido.
À classificação de "republicanos", Tengarrinha prefere, para os casos dos jornais que se não afirmaram alinhados como tal, posicioná-los como "de extrema esquerda liberal". Tengarrinha, José. "História da Imprensa Periódica Portuguesa", Editorial Caminho, 1989, pág. 234 ss.
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