No número onze (15.06.1909), o título "Alimentação publica" parecia prometer texto arredado de política, dado o tema. Mas não. A deficiência na alimentação era, para o articulista "Alguem d'Algures", causa do "depauperamento phisico das raças", e consequência da "avareza e sovinice como é remunerado o proletariado que trabalha e produz, muito menos para si do que para os zangãos sociais".
Os bafejados da sorte, os capitalistas, os terratenentes comeriam tudo, e o resultado infalível traduzia-se na "fome que mata lentamente os engeitados da patria descaroavel e madrasta":
"Em conclusão: A Fome com todo o seu cortejo lugubre de misérias já penetrou em muitos lares onde os abastados e felizões nem de leve põem a sua ideia. Mas não importa porque o egoismo feroz de que estão possuidos não lhes dá azo a pensarem nos seus irmãos famintos, para só pensarem nas suas respeitáveis barrigas sempre em constantes e difficeis funções digestivas".
E nem os clamores dos jornais em defesa dos desafortunados da sorte conseguia alterar o rumo das coisas:
"Não importa que os clamores dos que soffrem e ainda dos que sentem a desgraça alheia, feitos pela boca da ?Imprensa lhe cheguem aos ouvidos calejados, porque esses clamores hão de voltar de recochete como se batessem nalguma muralha de granito, sem penetrarem nesses corações mais duros que o silex e mais frios que o gelo dos polos".
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