Quatro colunas de merecidas loas a Montenegro, a quinta coluna guardada para a actualidade política. A iminência da dissolução da câmara dos deputados era motivo para mais uma zurzidela nos poderes públicos instalados:
"A dissolução da camara dos deputados é mais um golpe de estado, que não podemos nem devemos consentir (…) é necessario que o povo mande um dia, e que diga aos politicos de officio que isto ainda não é o paiz por elles conquistado; que attendam ao que reclamamos com justiça; que é preciso que se resolvam com a maior urgencia as questões agora suscitadas". (Nota 10)
Novidade a assinalar: o rei era agora visado directamente nas críticas do periódico lousanense:
"Nós conhecemos bem a incompetencia de D. Manuel, para Chefe da nação. Creança ainda; não dá valor ao juramento que fez perante os representantes do paiz, mas sabem muito bem os que o rodeiam, que esse juramento deve ser cumprido". (Nota 11)
A "monarquia nova" esclerosava de velhos problemas…
"A monarchia nova tem commetido erros graves, desde o desprezo a que deitou as colonias que estão em risco de desapparecerem, até ao escandalo do addiamento sucessivo do parlamento e ameaça de dissolução. Durante o reinado de D. Manuel já foram empenhados os rendimentos provenientes da concessão do monopolio dos phosphoros, as receitas ainda livres dos caminhos de ferro do estado e as setenta e duas mil obrigações da Companhia Real dos Caminhos de Ferro.
Durante o reinado de D. Manuel já tivemos quatro governos que nada fizeram que nos interesse. É precizo que assim não continue". (Nota 12)
Nota 11 — D. Manuel II subira ao trono com apenas 18 anos, na sequência dos acontecimentos de 1 de Fevereiro de 1908 — assassinato de seu pai, o Rei D. Carlos, e de seu irmão, o príncipe herdeiro D. Luís Filipe.
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