A 1 de Junho, o número nove do semanário lousanense voltava a ocupar a sua primeira página com temas ligados ao movimento republicano. Noticiava-se a tentativa frustrada de punição de um oficial reformado da marinha de guerra, que havia proferido conferência sobre o polémico convénio com o Transwaal, e que nela manifestara posição contrária ao referido tratado. O jornal parabenizava o ministro da marinha por ter impedido a consumação da punição ao conferencista.
O espaço mais nobre da primeira página ficava a cargo de outra transcrição, agora do jornal "O Mundo". Um artigo, o último da autoria do abade Paes Pinto, considerado pelo "Commercio da Louzã" um "espirito culto de revolucionario, a quem, de ha dezoito annos a esta parte tanto deveu o partido republicano".
O texto intitulava-se "Republica e Religião", e o jornal da Lousã, lembrando-se do que prometera no seu "Programma", tratava de desdramatizar a inclusão de tal prosa:
"Não o fazemos com o fim de servir esta ou aquella ideia, mas sim por vêrmos nas palavras do honrado sacerdote, que quaesquer que sejam as instituições liberaes, seja qual for o nome que se lhe dê, teem por dever acatar e fazer respeitar as crenças de cada um".
Na página dois, o texto da autoria de "V.", sob o título e o pretexto "As illusões d'um sonho", comportava gordo repositório dos ideais da Igualdade, Liberdade e Fraternidade.
O autor sonhava com a chegada do "grande Reformador", vindo para "resgatar a humanidade, que se debatia nas garras do Despotismo e da Tyrania"; nem acordou com o "enorme e ensurdecedor ruido" provocado pelas "ruinas d'um mundo velho, corrupto, fundado em alicerces de lodo que desabavam", e davam lugar a outro mundo, este feito "de Paz, de Amor, de Justiça e de Bondade", "inundando de uma Luz rutilante infinitamente mais intensa do que a do Astro Rei".
Repare-se na ironia subtil da chamada a final de frase, não do sol, mas do astro a quem coube em sorte emparelhar a cognome com a monarquia…
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