A edição de 16 de Julho não se finava pelo relato dos distúrbios, e pela publicação de algumas das intervenções. A páginas três surgiam algumas notas à margem — o proprietário do jornal desmentia ter afirmado que o pessoal da Fábrica do Penedo também atirara pedras; um padre não nomeado arregimentara os seus criados e grande número de visinhos para colaborarem na arruaça; as portas da rectaguarda do salão onde decorrera o comício foram arrombadas mais tarde, "tendo o pobre do tanoeiro que ali dorme com sua familia, de fugirem d'ali a pedirem guarida á visinhança"; e as perseguições a começarem…
"Começam as perseguições: — processos a esmo, ameaças a todos que tiveram a ousadia de ir ouvir os oradores.
Aos padeiros disseram na segunda-feira que fossem vender o pão aos republicanos. Já se vê porque não deixaram comer no domingo a enorme quantidade de pão que tinham manipulado para os excursionistas.
Estamos mesmo a vêr que se se chega a proclamar a republica, muita gente por ahi se amua e não mais come; antes isso" — rematava com ironia o autor destas notas, lamentando "do fundo do nosso coração, com a força que nos dá a nossa consciencia, que só na Louzã se pratiquem selvagerias como as que acabamos de presenciar, venha a sua causa de onde quer que venha".
A última nota dava conta das senhoras que mandaram as creadas desfraldar panos negros, à chegada dos excursionistas. Panos que anunciavam o terror, na opinião do articulista. A atitude de tais senhoras ficava para já sem "nome":
"Não damos o nome porque ainda algum respeito temos pelas ideias dos outros, mas rasgada a cortesia de todo para comnosco, irá tudo".
Para os próximos números, o "Commercio da Louzã" prometia extractos do discurso de Ramada Curto, e de outros oradores do comício de 11 de Julho.
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